terça-feira, 28 de julho de 2015

A Partida: hora de ir embora

Muito antes da partida meu coração já parecia estar partido. A ansiedade tomou conta de mim um dia antes da data em que eu partiria para o velho mundo, para o desconhecido, para uma nova aventura. Como era de se imaginar passei a noite “em claro”, não consegui dormir nem uma leve cochilada. Estava a algumas horas de embarcar pela primeira vez em um avião, atravessar o oceano Atlântico em busca de um grande sonho. Estava prestes a realiza-lo, junto com o maior desafio daquele ano de muitos que estariam por vir. Dia 10 de fevereiro de 2012, foi o dia que me despedi dos meus pais, dos meus familiares, dos meus amigos, do meu país, rumo a Portugal. Escrevendo aqui já me faz suspirar, bate uma nostalgia. Certamente que este dia entrou pra minha história e ficará lembrado para todo o sempre.  Lembro-me de iniciar o mês de fevereiro completamente agitado, contando os dias para a viagem. Postando quase todo dia algo referente à viagem no facebook. “Sexta feira deixo Floripa e parto para uma nova aventura, a primeira de muitas, 20 horas no aeroporto, para quem quiser dar um até logo... o/”. A poucos dias de partir, deixava essa mensagem no facebook. E um dia antes me despedia assim nas redes sociais: “Me despedindo aqui do "face", por uns tempos, amanha nova vida, novos caminhos, novos horizontes, pra lá, além do Atlântico ... Que dê tudo certo..” Fica claro que estava muito emotivo, me emociono só de lembrar, recebi muitas mensagens, muita energia positiva, muito carinho de diversas pessoas, me senti muito amado e muito querido por todos. Acredito ser, essa, umas das maiores vantagens de se partir e uma das poucas coisas boas de uma despedida. A despedida foi completamente dramática, um amigo veio durante a tarde para um abraço e um até logo, outros amigos junto com meus familiares me acompanharam até o aeroporto para muitos emoções. Eu nunca havia me despedido antes, eu nunca havia ficado muito tempo longe dos meus pais e da minha família, raramente dormia fora de casa então foi um momento muito emocionante com muitas lágrimas. É um sentimento angustiante e ao mesmo tempo animador e libertador. Fica-se triste por ir embora e ficar longe de pessoas queridas, mas ao mesmo tempo sente-se querido pela saudade deixada e é libertador porque se percebe que a vida segue.  Por caminhos diferentes, mas que o mundo realmente gira, e aquilo que parece ser um final pode ser também um começo. Você cria laços que jamais podem ser desfeitos e que a vida sempre proporciona uma forma para que tudo retorne ao ser verdadeiro lugar. Palavras sinceras, abraços confortantes e lágrimas já de saudades marcaram este dia. Havia chegado a hora e eu precisava ir embora. Minha mãe estava desesperada, estava entregando um filho pro mundo, eu estava desesperado, estava me jogando pro mundo. Muitas coisas pairavam na minha cabeça naquele momento, muitas dúvidas, incertezas, medos. As vezes só encontramos as respostas de fora, as vezes até só nos encontramos estando longe. As vezes precisamos apenas ir embora. E eu precisava ir..
Lembrei o dia em que partir quando li esse texto do Antônia no Divã: É preciso ir embora (Recomendo a leitura), que talvez seja um pensamento que passe pela cabeça de todos que foram ou estão indo embora.
 “– e também assim como eu – ela aprendeu que é preciso (e vai querer) muitas vezes uma certa distancia do ninho. Aprendeu que nem todo amor arrebatador é amor pra vida inteira. Que os amigos, aqueles de verdade, podem até estar longe, mas nunca distantes. Hoje ela chama o antigo exílio de lar, e adora pegar um avião rumo ao desconhecido. Outras, como eu, e como ela, fizeram o mesmo. Todas entenderam que era preciso ir embora.”

E naquele dia coloquei a mochila nas costas e fui embora.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Respostas
    1. Gostou? Que bom! Semana que publicarei sobre minha chegada e meu primeiro dia em Portugal. Fica de olho 😉

      Excluir
  3. Oi Thales! Obrigada pela divulgação e crédito. Desejo sucesso nesta tua nova aventura. Portugal é linda, aliás, é "fixe"! Beijocas, Antônia

    ResponderExcluir